Batman: O Cavaleiro das Trevas
Atenção! O texto a seguir não é uma resenha.
Sou incapaz de resenhar um filme assistindo-o apenas uma vez; preciso de uma segunda dose para analisar os detalhes, e pescar as possíveis falhas. Sendo assim, encare as linhas a seguir, apenas como minhas primeiras impressões de Batman: O Cavaleiro das Trevas.
Desde 2005, com Batman Begins, o diretor Christopher Nolan já havia conquistado o respeito e admiração dos fãs, ao mostrar-lhes a tão aguardada versão realista e (realmente) sombria do universo do homem-morcego, presente em clássicas HQs do personagens como: Ano Um, Cavaleiro das Trevas e Piada Mortal. Os fãs deleitaram-se ao ver na tela, a Gothan de seus sonhos: corrupta, decadente, violenta e muito perigosa. Nolan não só repete, como também acentua essas características em “O Cavaleiro das Trevas”, e vai além.
O Coringa, de “O Cavaleiro das Trevas” é, sem dúvida, o melhor de todos. Será muito difícil surgir alguém capaz de interpretar o palhaço do crime de maneira tão psicótica como fez o falecido Heath Ledger. O jovem ator consegue transformar um clássico personagem dos quadrinhos, em um psicopata, que desde já, ascende rumo ao patamar de vilão clássico do cinema, juntos aos célebres Hannibal Lacter e Norman Bates. Ledger, com seus trejeitos, aliado a inteligentíssimos diálogos, fazem do pior inimigo do homem-morcego, um verdadeiro emissário do caos - como é dito pelo próprio palhaço do crime.
O Batman de Christian Bale aparece apagado, mas não por culpa do ator. Afinal, dividir os holofotes com Heath Ledger na pele do Coringa não é tarefa das mais fáceis. Mas ainda assim, é o melhor já visto no cinema. Minha única ressalva fica por conta da voz rouca forçada que Bruce Wayne faz quando veste o uniforme. Tudo bem que ele faz essa voz pra provocar medo nos bandidos, mas convenhamos: precisa falar com aquela voz de garganta inflamada mesmo quando conversa com Alfred? Alguém compre rápido um bat halls de menta!
Se comparado ao filme anterior, “O Cavaleiro das Trevas” mostra uma preocupação ainda maior em transmitir um universo real e tangível. Batman Begins continha elementos mais fantásticos, como treinamentos ninja e visões mirabolantes causadas por um gás alucinógeno que chega a enlouquecer toda Gothan City. No novo filme, porém, não temos nada disso. Não temos aquele teor “épico” forçado visto no final filme anterior, com todas aquelas alucinações. Trata-se de um filme sobre terrorismo, sobre o conflito entre heroísmo e vilania e, acima de tudo, entre ordem e caos.